Primeira coisa a fazer é largar as palavras bonitas. Sim, qualquer palavra bonita deve ser descartada da sua vida no primeiro instante. Nada de começar aquele curso de francês tão sonhado, se quiser fazer línguas busque russo ou alemão. Pare de ler livros de crônicas e também largue os poemas. Leia apenas revistas de fofocas ou esportivas. Nada de fazer yoga ou pilates. Krav-magá ou spinning são mais recomendados.
Procure deletar o nome dele(a) da sua vida. Se ela se chamar Ana, não volte a me ler, se ela se chama Helena esquece as novelas da Globo. Se, por acaso, ela se chamar Maria se mate porque é um nome comum demais e vai ouvir por aí. Por esse passo deve-se seguir a regra de nunca namorar pessoas com os mesmos nomes de nossos pais.
Assista filmes. Sim, mas tem que ser os filmes certos. Toda a historiologia de Jogos Mortais é sucesso garantido. Rambo também faz efeito. Nem pense em Rocky, pois é muito sentimental para a fase de sua vida. Desenhos animados nem pensar. Se quiser pode assistir ao Chaves ou aos Simpsons. Nada de seriados americanos.
No lado musical procure ouvir coisas que o seu ex-cônjuge nunca ouviria. Tratamento de choque é isso. Fundamental no processo do esquecimento. Caso não queira ser tão drástico volte a ouvir o que você ouvia antes de conhecer a pessoa. Nem que remote aos LP’s da Xuxa, Balão Mágico e Trem da Alegria. Mamonas Assassinas é o recomendado. Eu me curei ouvindo Angra porque me lembrava nos nuggets que mamãe fazia naquela época.
Ah! Regra fundamental. Troque de número de celular. Não importa o trabalho que isso dará na sua vida. Uma ligação embriagada pode por tudo a perder. Apagar apenas o número da pessoa não serve, pois ela pode te ligar. Lembre-se disso.
O melhor é se afastar. Jogar tudo fora. Fotos, cartas, bilhetes, notas fiscais, fios de cabelo no paletó. Nada de guardar aquele bichinho de pelúcia só porque ele já faz parte da família. Uma caixa na despensa ou na garagem pode ser uma prisão necessária para ele. Nem que seja perpetua.
Se não puder, por algum motivo, se afastar, então se aproxime. Sim, fique ao máximo ao lado da pessoa. De perto quando não se gosta todo mundo é estranho. Vai descobrir defeitos que a visão turva antes ocultava. Ele terá manias chatas, ela terá tiques nervosos. Ataques de TPM ou piadinhas sem graça.
Evite chocolate ou sorvete. Sorvete de chocolate então, nem pensar. Essas drogas dão apenas prazeres momentâneos e quando acabam deixam aquela sensação de vazio. Caso vocês sejam esqueléticos e puderem comer sem parar a gente pode relevar, caso contrário evite. Afinal, tem-se que manter em forma pra encontrar um novo amor.
Amigos em comum são as piores coisas. Agora já empatam com as redes sociais. Evitem isso, mesmo que o amigo seja super-hiper-mega-blaster animado e legal, dê umas férias a amizade. Até você se recuperar.
Tente conversar com amores antigos, dos quais você se esqueceu. É melhor cutucar cicatrizes que feridas abertas. Se aquela paixão eterna passou, essa também pode passar. Não se aproxime demais, recaídas são fatais. E podem desmoronar todo projeto.
Beba. Sim, bebidas alcoolicas. Elas organizam o raciocínio e você logo perceberá que ama em vão. Varie as bebidas. Tome rum, conhaque e coisas que nas CNTP você nunca beberia. Até aquelas coisinhas coloridinhas com guarda-chuvinhas parecem boa ideia. Ah! Esqueça os diminutivos. São como cupins. Não tem solução. Esqueça. Não precisa ser aumentativo, apenas na flexão normal tá bom.
Alias, cores são importantes. Se você sempre foi uma pessoa colorida adote o preto-branco-cinza, se você era preto-branco-cinza faça o contrário. Mude o cabelo. Faça uma nova tatuagem mesmo que se arrependa. Compre uma camisa engraçadinha, ops, engraçada.
Descobrir um talento adormecido também é bom, mas não é para todos. Escrever, desenhar, compor, tocar, gritar, pular, tirar meleca do nariz, cuspe à distancia, poker. Qualquer coisa que você ache que faz muito bem pode se aperfeiçoar. Tem que ser uma pessoa melhor pra esquecer.
Por fim, não faça nada disso. Eu não tenho a fórmula exata e não entendo porra nenhuma de auto-ajuda. Apenas tente esquecer. Afinal, “o esforço pra esquecer é a vontade de lembrar”. Não era bem isso, mas você entendeu, ok?
GD, Melissa Lobo.
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