Em frasco tão mal decorado, vendido no equívoco, e rejeitado na prateleira, presencio um dilema interno. Quem julga pelo frasco é preconceituoso, mas, nesta loja, não se pode abrir a caixa do perfume. Pegue, leve-o, descubra... Ou rejeite-o por vir em embalagem tão estranha e fora de padrão.
Quando o aroma tocou as narinas, uma única fungada não foi o suficiente. Tão estranho quanto o pote. Com tantos ingredientes e essências, que era impossível tomar uma só conclusão. Cítrico, um tanto amargo, doce e fraco, forte e nebuloso, aveludado. Lembrava carinho de mãe e mimo de avó, mas ao mesmo tempo trazia consigo o ardor da morte vivida e superada.
No fim das contas somente os curiosos levavam o perfume. E boa parte deles não estava interessada na essência, mas, somente, no assassinato de sua curiosidade infindável. Poucos utilizaram o perfume, porque no fim das contas, poucos gostam de essências confusas. As pessoas procuram algo sólido e esquecem que até a própria vida tem suas ondulações momentâneas.
Lucas Fábio.
Esse texto é de autoria do Lucas Fábio, um grande escritor e grande amigo meu, que fez para mim, me descrevendo através de suas palavras e sentimentos.
Obrigada Lucas Fábio! ♥
.-.Melissa Lobo.
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